Gaste todo seu tempo esperando Por aquela segunda chance, Por uma mudança que resolveria tudo Sempre há um motivo Para não se sentir bom o bastante, E é difícil no fim do dia. Eu preciso de alguma distração. Oh, perfeita liberação A lembrança vaza de minhas veias... Deixe-me vazia E sem peso e talvez Eu encontrarei alguma paz esta noite. Nos braços de um anjo. Angel Sarah Mclachlan
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Legião Urbana
"Quem um dia irá dizer/ Que existe razão/ Nas coisas feitas pelo coração?" (13/01/2009)
Esses versos, de "Eduardo e Mônica", são de autoria do filósofo francês Blaise Pascal. Pois só o Renato Russo mesmo pra tornar popular os escritos da filosofia. Mas vamos ao disco. O que posso dizer sobre ele que já não tenha sido dito antes. Bem, conforme o próprio Renato disse, "Mas quais são as palavras que nunca são ditas?". O disco é mesmo uma aula. Começa com "Daniel na cova dos leões" e seus versos "E o teu medo de ter medo/ Não faz da minha força confusão:/ Teu corpo é meu espelho e em ti navego/ E sei que a tua correnteza não tem direção". "Quase sem querer" é aquela música que nunca sai das nossas cabeças ("Tenho andado distraído,/Impaciente e indeciso,/ E ainda estou confuso./Só que agora é diferente:/Estou tão traquilo/E tão contente"). Depois vem "Acrilic on canvas, triste de doer, com esses versos meio escondidos ("Às vezes é difícil esquecer:/-Sinto muito, ela não mora mais aqui"), mas que só quem já perdeu um grande amor entende a dor implícita aí. "Eduardo e Mônica", a minha favorita, é uma das (se não for "a") canções de amor mais bonitas de todos os tempos. E sabe por que? Porque fala de um amor real, nada dessas coisas idealizadas, fala sobre gente que se ama e que tem que pagar contas no fim de mês (além de, como já mencionei no início, citar Pascal), gente totalmente diferente, mas que emsmo assim se ama (quem foi que disse que o amor tem alguma lógica). "Central do Brasil" é música instrumental muito linda, que faz o pensamento voar. "Tempo perdido" é outro hino ("Todos os dias quando acordo,/Não tenho mais o tempo que passou/Mas tenho muito tempo:/Temos todo o tempo do mundo"), afinal de contas, somos tão jovens. "Metrópole" é uma música alucinada, em que a ironia de Renato está mais afiada que nunca ("'É sangue mesmo, não é metiolate'/ E todos querem ver/ E comentar a novidade./ 'É tão emocionante um acidente de verdade'/ Estão todos satisfeitos/ Com o sucesso do desastre:/ Vai passar na televisão"). "Plantas embaixo do aquário" é meio que um apelo ("Faça do bom senso a nova ordem;/ Não deixe a guerra começar). "Música urbana 2" nos leva ao lado escuro da vida, um que a gente tenta fingir que não vê, mas está lá, e todos que vivem lá cantam Música Urbana. "Andrea Doria", segundo me disseram, é o reencontro de Renato com a menina de "Ainda é cedo" (não sei se é verdade, mas foi uma fonte confiável que me disse); o amor está novamente presente com essa música, cujos versos iniciais são mesmo indescritíveis ("Às vezes parecia que de tanto acreditar/ Em tudo o que achávamos tão certo,/ Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:/ Faríamos floresta no deserto/ E diamantes de pedaços de vidro"). Logo após chega "Fábrica", com seus versos anti-capitalistas ("Deve haver algum lugar/Onde o mais forte/ Não consegue escravizar/ Quem não tem chance"). E por fim, o disco fecha com a magnífica "Índios" e toda a sua indignação ("Quem me dera ao menos uma vez/ Explicar o que ninguém consegue entender:/Que o que aconteceu ainda está por vir/ E o futuro não é mais como era antigamente"). Ou seja, um disco maravilhoso, cheio de significado (exatamente o oposto da maior parte da produção musical atual). Desculpem se me alonguei demais, mas todas as palavras serão poucas para enaltecer a Legião Urbana.
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